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 Automedicação

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Automedicação

O que é?

        A automedicação é, por definição, o acto pelo qual o utente, por sua iniciativa ou por influência de outrem, decide tomar um medicamento, o qual é solicitado sem apresentação de receita médica,  a fim de aliviar ou curar um determinado sintoma.

        A doença é um fenómeno inerente à vida humana, o que justifica o recurso à automedicação desde há muito utilizado.

        A frequência e distribuição desta estão relacionadas com a organização do sistema de saúde de cada país. Ressalve-se que nos países em vias de desenvolvimento o acesso à medicação é ainda restrito.

        O recurso a medicação sem prescrição médica pressupõe responsabilidade por parte do doente, cujo sentido crítico face à imensidade de informação é imprescindível.

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“De um modo geral, o consumidor não tem experiência nem conhecimentos necessários para distinguir distúrbios, avaliar a gravidade e escolher o mais adequado entre os recursos terapêuticos disponíveis, o que leva a que a prática da automedicação seja bastante danosa para a saúde de quem a pratica" (Schenkel, 1996)

Motivações para a automedicação:

        A prática da automedicação é sustentada por diversos pilares que, embora de forma não equitativa, exercem influência, isto é motivam o doente ao consumo de medicamentos sem prescrição médica.
        É importante fazer uma reflexão sobre as perspectivas do consumidor (doente), do prescritor (médico), do vendedor (farmácia), do fabricante (indústria farmacêutica) e, finalmente, analisar a óptica da publicidade.

O Consumidor (doente):

        Preconiza-se a ideia de que o consumo de medicamentos por automedicação é mais elevado em famílias cujos rendimentos são escassos. Este argumento, embora válido, não explica a frequência do fenómeno, uma vez que a automedicação ocorre também nas camadas mais privilegiadas, as quais dispõem dos mais variados serviços médicos.
        De facto, ao consumidor é imputada a responsabilidade de cuidar da sua própria saúde. Não obstante, o doente adquire hábitos de consumo algo arriscados. Pensemos por exemplo, na naturalidade com que o doente se atreve a prolongar o tratamento, sem recorrer a um profissional de saúde, para fazer uma avaliação dos resultados.
        A destreza com que o paciente consome medicamentos, ultrapassa a facilidade de acesso aos mesmos. 
       Note-se, por isso, a necessidade de praticarmos uma automedicação responsável, conscientes dos riscos inerentes à mesma.


O prescritor (médico):

        A prescrição médica é, indubitavelmente, uma das vias para a automedicação.
        Num primeiro momento, o médico receita um determinado medicamento ao doente, persuadindo-o para a sua importância: resolver o problema apresentado ou fazer desaparecer os sinais e sintomas.
        A partir da orientação médica inicial, o paciente toma a liberdade de utilizar o medicamento em causa, sempre que surjam sintomas comparáveis. É o caso de doentes diabéticos que controlam diariamente o uso de insulina.
        Quando o doente reproduz o tratamento por sua iniciativa própria, em outras situações consideradas semelhantes, há obviamente o risco de se estar a medicar incorrectamente. Há também a tendência para aconselhar terceiros, quanto ao consumo de certo fármaco.
        É importante não esquecer que os sintomas de mal-estar são sempre individuais e que qualquer medicamento deve ter uma utilização personalizada.
        Tal como já foi referido, é sintomático que o paciente, prolongue o tratamento sem reavaliação dos resultados por parte do médico. Este procedimento, poderá denotar a insuficiência de informações fornecidas ao doente, pelo prescritor.

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O vendedor (farmácia):

        Aos farmacêuticos cabe prestar assistência e informação detalhada sobre os medicamentos, especialmente aqueles cuja toma prescinde de receita médica, bem como alertar o doente para as circunstâncias em que o médico deve ser consultado.
        Estes profissionais de saúde deverão figurar autênticos conselheiros. As suas orientações são cruciais face à comum pressão dos consumidores que pretendem uma maior acessibilidade aos medicamentos, em resposta ao ritmo de vida actual.
        Preconiza-se a venda de produtos de automedicação apenas nas farmácias, onde o consumidor dispõe de aconselhamento profissional. Não obstante, há quem defenda a venda desses produtos em locais sem supervisão de técnicos de saúde.
        Este é sem dúvida um interesse comodista e insensato. Pensemos que essa liberalização, embora conveniente, iria conduzir a um excessivo consumo de medicamentos tão desnecessário quanto arriscado.

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Fabricante – a Indústria Farmacêutica:

        A indústria farmacêutica na sua comercialização, por vezes coloca os seus interesses acima da saúde pública.

        A venda de produtos beneficiados é também uma mais-valia para o proprietário do estabelecimento, pois este recebe uma percentagem sobre a venda dos mesmos.

        Os profissionais de saúde não se devem sentir na obrigação de preceituar um medicamento que lhe “satisfaz”, em vez do que é aconselhado a cada caso específico apresentado pelo doente. Assim, as empresas farmacêuticas devem abster-se de qualquer comportamento que influencie profissionais de saúde a prescrever medicamentos por outras razões que não seja o proveito do próprio doente.

 

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 A Publicidade:

        Anuncios como "Tomou Doril a dor sumiu" criam, na cabeça do utente, a ideia de eficácia simbólica do medicamento.
        Desta forma, a publicidade cria a incapacidade de espera no doente pois promete "alívio rápido" e "retorno ás actividades normais".
        Por outro lado, os médicos sustentam essa crença pois fornecem uma prescrição medecamentosa em todas as consultas.
        Há casos em que os próprios médicos afirmas que o medicamento não é realmente necessário mas passam a receita apenas por motivos "psicológicos". A receita tranquiliza o paciente o que favorece a cura.

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Aspectos positivos da automedicação Aspectos negativos da automedicação

 - É mais conveniente para o doente do que a prescrição;

- Permite que as pessoas resolvam pequenas alterações da sua saúde que lhe causam sofrimento ou incapacidade;

- Quando é feita de forma racional e consciente, promove uma auto-responsabilização na gestão da sua própria saúde e dos recursos públicos de saúde.*

 - Diagnóstico incorrecto do distúrbio;

- Escolha de terapia inadequada;

-Dosagem inadequada ou excessiva;

- Risco de dependência;

- Possibilidade de efeitos indesejados;

- Administração incorrecta de um medicamento;

- Possibilidade de reacções alérgicas;

- Incapacidade de reconhecer riscos farmacológicos especiais;

- Desconhecimento de possíveis interacções com outros medicamentos;

- Armazenamento incorrecto ou por tempo excessivamente longo do medicamento.

 

 

 

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* Apesar de ter aspectos positivos, não se deve recorrer à automedicação.

A prescrição médica é essencial ao consumo de medicamentos.

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