"Em Portugal anda a banalizar-se demasiado o uso de anti-inflamatórios e as pessoas devem ser alertadas para os riscos. Em Portugal, 50 por cento dos doentes que tomam anti-inflamatórios têm queixas digestivas e dez por cento úlceras", disse o vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, Hermano Gouveia.
Nas situações mais agudas - como os internamentos por hemorragia gástrica -, cinco a dez por cento desses doentes acabam por morrer, um risco que aumenta com a idade.
Sublinhando que nas pessoas jovens os riscos são diminutos e que a maior parte das vezes os anti-inflamatórios são inócuos, o clínico recomenda que estes medicamentos sejam "sempre tomados sob orientação médica".
"O medicamento pode ser de venda livre, mas deve ser tomado sob vigilância médica, sobretudo quando percebemos que a automedicação é cada vez mais frequente e que as pessoas tomam muitas vezes um medicamento só porque o vizinho também toma", disse também Hermano Gouveia.
Para a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, é importante saber quais os factores que aumentam o risco de complicações no uso de anti-inflamatórios: ter mais de 60 anos, historial de úlcera gástrica ou ter factores de risco cardiovascular.
Hemorragias do estômago, do fígado ou do duodeno podem ser algumas das consequências que pode ter a toma de anti-inflamatórios exagerada e sem supervisão médica.
Hermano Gouveia disse igualmente que as pessoas têm muitas vezes a tendência de não usar a dose recomendada, exagerando na quantidade do medicamento para rapidamente resolver a dor ou o problema de saúde.
Nalgumas situações muito dolorosas, o anti-inflamatório não tem de ser necessariamente a última coisa a fazer, podendo recorrer-se em alternativa a fisioterapia, cirurgia ou a analgésicos, ainda segundo o também chefe de serviço de gastrenterologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra.
Público 06/09/2007
Resolução da ANVISA muda embalagens de medicamentos
Norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicada no Diário Oficial da União no final de 2009 irá mudar as embalagens de medicamentos. Os fabricantes terão de seguir novas regras como a obrigatoriedade do nome do remédio em braile nas caixas, além da inclusão de informações sobre conservação e prazo de validade do produto após a abertura. De acordo com a Anvisa, o objectivo da medida é tornar os rótulos de medicamentos mais claros e úteis à sociedade. Os fabricantes terão 18 meses para se adaptar às mudanças. Todos os medicamentos terão obrigatoriamente que conter bula. Antes, os remédios isentos de prescrição e que incluíssem as informações exigidas na própria embalagem eram dispensados da bula. Informações impressas nas caixas, como o número de lote, data de validade e de fabricação terão que aparecer em tintas coloridas. Está proibida a impressão apenas em alto ou baixo relevo, como é feito actualmente em muitas embalagens de medicamentos. Os laboratórios só poderão utilizar figuras nas embalagens se a função for de auxiliar o uso do remédio. Qualquer elemento de natureza promocional e de propaganda está proibido. Para evitar confusão com a gradação das tarjas, o uso das cores vermelha, preta e amarela nos rótulos foi restrito.
In "Diário Oficial da União" 04/01/2010
Para rir... O lado cómico da automedicação.
Ana Jorge: Venda de medicamentos em unidose é "difícil de implementar"
A ministra da Saúde defende que a solução passa pelo "redimensionamento" das embalagens e não pela dispensa em quantidade individualizada do medicamento.
A lei que autoriza a venda de medicamentos em unidose nas farmácias de oficina e nas instaladas nos hospitais públicos - por um período experimental de um ano - entrou em vigor a 07 de Junho de 2009, mas, segundo a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), ainda nenhuma farmácia mostrou interesse em aderir à dispensa unitária de medicamento.
Ontem, segunda-feira, em entrevista ao programa "Sinais de Fogo", na SIC, Ana Jorge reconheceu que "todo o sistema é difícil de implementar" e que a venda de medicamentos em unidose comporta riscos de contrafação.
Por outro lado, a distribuição é mais cara para o utente e para o Estado, referiu a governante, defendendo uma redução do tamanho das embalagens e não a venda em unidose.
Ana Jorge lembrou ainda que a venda em unidose deixou de ser uma prática em países onde teve utilização, como o Reino Unido. Em Espanha, a medida foi chumbada após um período experimental.
No início de Janeiro, o secretário de Estado da Saúde, Óscar Gaspar, anunciou que, num prazo máximo de dois meses, estaria implementada a venda de medicamentos em unidose, na sequência do actual "processo negocial" com os parceiros (indústria farmacêutica e Associação Nacional de Farmácias).
A venda de medicamentos em unidose, perante prescrição médica, tem como objectivo "evitar o desperdício e permitir uma maior poupança".
Na primeira fase de implementação, a dispensa de medicamentos em quantidade individualizada será efetuada nas farmácias da região de saúde de Lisboa e Vale do Tejo que manifestem vontade de aderir a esta forma de dispensa de medicamentos, segundo a portaria conjunta dos ministérios da Saúde e da Economia.
"A dispensa de medicamentos em quantidade individualizada constitui uma importante inovação no sector da saúde em Portugal, justificando que a sua implementação seja progressiva e os seus resultados iniciais objecto de avaliação pelo Infarmed em articulação com os parceiros do sector", sublinha a portaria.